domingo, 28 de outubro de 2007

Conheçam a Overdose Homepática

A atual formação da banda Overdose Homeopática é composta por: Nilson [voz], Rodrigo [guitarra e voz], Leonardo [guitarra], Rodolpho - Gringo [baixo e voz] e Diogo [bateria]. A banda teve início entre 1999 e 2000 com um pequeno grupo de garotos que estudavam na mesma escola e que tinham um jeito revoltado de falar sobre o que pensavam.

O que chama a atenção nas letras dessa banda é que eles procuram escrever sempre com um propósito social, sempre deixando à mostra os problemas pessoais e sociais de cada um, sendo o Nilson o principal compositor da banda. Vejam o que eles têm a dizer, conforme entrevista que tive com eles:

Observadora: De onde você tirou inspiração para criar a letra da música Iuri Civile, disponibilizada para áudio no myspace da banda?
Nilson: Ela é uma música que fala da rotina diária, na verdade. Muitos quando ouvem, de primeira, associam ela logo a uma crítica aos evangélicos. Mas não é só isso. Ela é uma crítica a todos os aparelhos ideológicos do Estado: a igreja, a escola, a mídia. Instrumentos que contribuem para a nossa vida, de certa forma ficar estagnada. Para nossa vida continuar nessa rotina de dominação da Elite. É como se nós vivêssemos sob júdice, por isso Iuri Civile.

Observadora: Atualmente a banda vem se preparando para uma possível apresentação fora de Recife. Como vocês vêem essa oportunidade?
Rodrigo: Olha, na verdade, até certo ponto, tem gente até sem acreditar muito. Justamente por ser uma oportunidade imperdível... A comparação que alguns fizeram foi: "comparado com os shows que a gente fez, alguém chamar a gente (pagando as despesas) pra gente tocar fora, é quase um Rock In Rio." [risos] Fizemos poucos shows... Um foi um projeto no Recife Antigo, que nós tínhamos que vender os ingressos e no final das contas tivemos que devolver 200 reais, é quase um show pago pela gente. E os outros shows foram em colégios, um no que estudávamos e outro em outro bairro. Os de colégios são animados, mas... é o tipo da coisa basicamente 'qualquer barulho que sair o pessoal tá pulando'. Normalmente não dá para escutar a voz, é uma preparação técnica fraca (amplificadores baixos, sem retorno de voz, às vezes sem microfone para back vocal)... esse tipo de coisa... Então acho que todos estão enxergando essa oportunidade como imperdível. Pela experiência da banda, pela experiência pessoal... Eu mesmo nunca fui a um estado fora do Nordeste..

Observadora: Antes de receberem proposta para tocar fora de Recife, a banda havia ficado 3 anos sem tocar. Quais foram os motivos que os levaram a ficar tanto tempo parados?
Rodrigo: É uma série de motivos. Primeiro, trocamos muito de integrantes. Os únicos da formação original somos eu, o Nilson e o Leonardo, trocamos inúmeras vezes de baterista e de baixista... Às vezes eram as idéias de cada um que não batiam, ou o estilo, ou simplesmente desistiam de ter banda... Esse tipo de coisa... Segundo, o tempo. A época do vestibular foi complicada, passamos acho que dois anos com pelo menos metade da banda envolvida com vestibular... E vestibular é uma época de muita aula e muita cobrança, não só dos nossos pais, como de nós mesmos... todo dia 'livre', sem estudar, parece pesar uma tonelada na consciência...

Observadora: Vocês estudam e alguns trabalham também. Mas mesmo assim a banda continua. Qual o maior problema que vocês encontram com relação a isso?
Nilson: Na verdade, eu não enxergo problemas nisso, e sim soluções. A banda da gente começou com todos muito novos, éramos imaturos, tanto pessoalmente, quanto musicalmente. O crescimento das responsabilidades nos fez, de certa forma, sermos auto-suficientes em relação à banda. Se tocamos é porque realmente queremos, fora o gás que faz a gente dar quando passamos muito tempo sem tocar.

Observadora: No momento, apenas duas músicas estão disponíveis no Myspace da banda, e a gravação não está muito boa. Quando vocês pretendem disponibilizar novas músicas?
Nilson: O mais rápido possível. No mais tardar, início do mês de dezembro, é o que a gente planeja.

Observadora: Então podemos contar com músicas novas dentro de um mês?
Nilson: Creio que sim. E dessa vez melhor gravadas. [risos]

Nesta altura da entrevista, o vocalista fez a seguinte citação: "Minha ambição é tão alta que por ela vale a pena viver e vale a pena morrer."

Observadora: Vocês tocaram em um projeto de Recife Antigo e foram muito bem elogiados. Existe alguma crítica que vocês já tenham recebido e que tenha marcado a história da banda?
Nilson: Tem uma frase pra isso: "Muitas vezes nossos erros nos beneficiam mais do que nossos acertos. As façanhas enchem o coração de presunção perigosa; os erros obrigam o homem a recolher-se em si mesmo e devolvem-lhe aquela prudência de que os sucessos o privaram." Assim, foram poucas as críticas negativas, muitos os elogios, mas a crítica na verdade faz crescer muito mais.

Observadora: Bem, agora para encerrarmos a entrevista, qual o recado que vocês deixam aos nossos leitores?
Nilson: Eu espero que o nosso som agrade a todos. Gostaria que todos reparassem nas letras que vierem a ouvir das nossas músicas, porque sei que a gente é uma banda que tem o que falar, e é disso que o rock precisa: conteúdo.

Eu gostaria de agradecer à banda Overdose Homeopática pela entrevista, e dizer que aguardamos anciosamente pela presença de vocês em nossa cidade. Vou ficando por aqui e quarta-feira nos encontraremos novamente. Beijos e boa semana.